quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Bate-papo a cerca da felicidade

Ei você! Dá para entender quando eu digo que ter coragem não quer dizer não ter medo? E se eu disser que dá para a gente ser independente mesmo precisando das outras pessoas, isso é compreensível para você? Se essas aparentes contradições não lhe assustam, então você consegue entender que um projeto de vida feliz inclui, necessariamente, o sofrimento, não?
Quando estamos para chegar a esse mundo, muito provavelmente recebemos um script. Mas é apenas um ponto de partida. Tal script pode ser incorporado ou renegado no decorrer da vida. Sendo assim, alguns recebem o script intitulado "Tenho de so-frer". Outros, o oposto: "Tenho de ser feliz". E entre esses dois extremos, há uma enorme variação de scripts, como "Tô nem aí com o mundo", "Minha hora há de chegar", "Primeiro eu, depois eu e, em seguida, eu", "Tô esperando acontecer", "Quando der eu vou", entre inúmeros outros. Esses scripts vagueiam numa espécie de limbo existencial, entre o ser ou não ser feliz. Às vezes se é, outras não e qualquer um desses estados (feliz ou infeliz) permanecem por muito pouco tempo.
Bem, mas antes que você durma com esse meu "papo de aranha", voltemos ao ponto inicial dessa nossa conversa: os scripts que nos conduzem, num primeiro momento, à felicidade ou infelicidade. O que eu quero dizer é que ninguém está condenado a nada. Nem mesmo a não estar condenado a nada, se é que você me entende... E como essa vida é muito doida, maravilhosa e surpreendente, o fato de incorporarmos o script "Tenho de sofrer" é justamente o que trará uma suposta felicidade. Está confuso?
Tenho para mim que incorporei o script "Tenho de ser feliz" e, como já disse, isso não me poupou (e continua não me poupando) de nenhum sofrimento. Mas sempre tento contornar, andar em volta, perscrutar caminhos alternativos, buscando a toca em que está escondida a tal felicidade a que me propus (ou que me propuseram, no caso de haver um ser superior que reja nossos destinos), lá no início de tudo, antes de sermos pessoas. E, à medida em que cumpro essa meta – ou o script –, sinto-me feliz, em estado de pleno regozijo. É um momento mágico, único e acalentador, que aquece meu coração por muito tempo, dando-me forças para enfrentar os próximos sofrimentos (que virão, inexoravelmente, eles virão, sempre vêem...).
Pois bem, seguindo esse mesmo raciocínio, eu lhe digo que aquele que optou (será que pôde optar? Será que lhe foi imposto? Espero poder descobrir isso um dia, nem que seja na Eternidade...) pelo script "Tenho de sofrer" sente o mesmo regozijo ao conseguir cumpri-lo. Assim, existe dentro deste ser duas forças opostas, de igual intensidade: ele tem de sofrer, no entanto, sente-se extremamente feliz no sofrimento.
Aí pira, né?

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Provocações na íntegra

Deixo aqui, a quem possa interessar, a íntegra do texto do programa Provocações do qual participei, com as respostas "editadas" (pra não cansar...).
Na verdade, as resposta são uma reedição, pois não me lembro exatamente o que respondi. Mas como fui absolutamente sincera, não devem estar muito diferentes do que eu disse no programa.



“Provocações!”... Outra vez.

No rodapé dos e-mails da nossa convidada, há uma frase de Nietzsche: “Aqueles que foram vistos dançando foram julgados loucos pelos que não podiam escutar a música”. Isto é, pelos surdos. Ou, como se diz, pelas pessoas com deficiência auditiva (cuidado com as denominações populares nesse campo!)... Nossa convidada não é uma pessoa com deficiência auditiva. É uma pessoa portadora de nanismo, com má formação óssea congênita (é assim que se fala!). Mesmo assim, ela tem uma folha corrida invejável nas artes, no teatro e no jornalismo cultural de Campinas, onde mora. E ainda é vice-presidente de uma ONG que briga pelos direitos das pessoas como ela. Ela é Katia Fonseca!



Abujamra – Katia Fonseca! Jornalista com nanismo, vice-presidente de ONG com nanismo. Pessoa com nanismo ou anã. Como você prefere ser chamada. E por quê?
Eu – Depende de quem chama e para o quê chama... Se estivermos entre amigos, pode ser qualquer coisa. Se for uma situação mais formal, ou uma situação pública, ou nos meios de comunicação, tem de ser "pessoa com nanismo". Anã carrega um estigma de palhaça, que vem dos anões de circo. Quando se fala com a massa, é importante o bom uso das palavras. Na verdade, o melhor mesmo seria me defiinir como jornalista...

“Dor e Delícia”, está escrito no seu blog. Como você transita entre essas duas coisas?
Como qualquer pessoa...

Estudou piano antes de se alfabetizar. Como foi isso?
Minha mãe era professora de música e eu, antes de nascer, já escutava o som do piano. Aí, ainda bem criança, comecei a brincar com o piano. Como minha mãe era muito rígida, não queria que eu tocasse de ouvido. Então, ela contratou uma professora para me ensinar. Isso numa idade em que eu ainda não tinha ido pra escola, aos 4 ou 5 anos.

Continua tocando?
Não, só brinco no piano...

Existem pianos adaptados para as pessoas com nanismo?
Não, acho que não. Naquela época muito menos. Mas acho que seria possível. Assim como, hoje, fazem a elevação dos pedais dos carros (eu dirijo), acho que também se pode fazer a elevação dos pedais dos pianos.

Estudou teatro nove meses com... Antunes Filho!... Por que largou?
Não larguei, ele me largou... Eu era muito indisciplinada. Fiquei 9 meses trabalhando com ele na montagem de uma peça chamada Rosa de Cabriúna. Mas depois ele me mandou embora. Acho que por causa da minha indisciplina.

Anos 80. Como é que uma redatora de manuais de informática – você – encenou uma telepeça, aqui mesmo, na TV Cultura?
Eu era vizinha de um ator, o Sérgio Roperto, e ele sabia da minha paixão pelo teatro. Eu tinha acabado de sair do Antunes. Então, ele me convidou. Era um teleteatro (A Mão Parda) dirigido pelo Ademar Guerra em que eu interpretava uma mãe-de-santo. Foi maravilhoso!

Diz aqui que você atuou como atriz fora do Brasil. Onde? Como?
Apresentei uma versão pocket do meu espetáculo Lautrec em Lugano, na Suíça, em 2005, a convite do Teatro Delle Radici, onde eu havia participado de um laboratório teatral nove anos antes.

Quantas pessoas com deficiência você conhece com a infância, a educação, a vida artística e a vida profissional iguais à sua?
Poucas, muito poucas...

Pode-se dizer que, num país com 27 milhões de pessoas deficientes, você é uma das poucas que se deram bem?
Com certeza. É por isso que eu me engajei na causa de defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Temos que trazê-las para o lugar de onde elas nunca deveriam ter saído: o seio da sociedade.

Como é ser uma pessoa deficiente?
Eu não sei como é ser outra coisa. Não sei como é não ser deficiente...

Alguma vez, diante do espelho, você perguntou: “Por que eu?”.
Várias...

E o que ele te respondeu?
Porque eu podia, porque eu agüentaria...

É difícil, não é?
É, temos que matar um leão por dia.

Repórter do caderno de Cultura do Correio Popular de Campinas. Por que trocou pela editoria de Opinião?
Não foi uma opção, foi um trato com a empresa. No caderno de Cultura eu era repórter. Agora, no Opinião, sou editora. O salário é um pouco melhor.

O que faz o editor de Opinião?
Seleciona as colaborações enviadas pelos leitores (cartas e artigos).

Katia Fonseca: o que você tem a ver com ninguém menos que... Toulouse-Lautrec?
Muita coisa. Desde o fato de nós dois termos a mesma deficiência (nanismo) até a forma como ele enxergava a sociedade e sua arte. Ele foi um dos primeiros que jogou luz sobre os marginalizados da sociedade. Por meio dele, putas, mendigos e dançarinas foram parar dentro dos salões de arte...

Qual o grande equívoco que as pessoas cometem ao falar de você?
Dizer que sou boazinha, que sou maravilhosa etc. Eu sou o que sou e ninguém sabe como é antes de me conhecer. Qualquer expectativa que elas tenham antes de me conhecer, é um equívoco.

Vice-presidente da ONG Centro de Vida Independente de Campinas. Com que dinheiro? Você mantém essa ONG?
Sim, eu e o pequeno grupo que a integra.


Alguma coisa perturbadora lhe dá prazer?
Sim... me embriagar, por exemplo.

“Sou contra o apartheid literário das pessoas deficientes”. A frase é sua. Apartheid literário! Existe isso?
A frase não é minha, foi criada por um grupo de cegos que luta pelo livro acessível, em formato digital, para que possa ser ouvido.


Qual grande obra literária você corrigiria sem a menor cerimônia?
Obra literária?!?!?!?!?!?!?

É... Paulo Coelho, por exemplo.
E Paulo Coelho é obra literária?

Leituras indispensáveis segundo você. Quais são?
Lembro de uma: Cem Anos de Solidão, do García Marques.


A ordem ou o caos?
O caos, sem dúvida.

O que não fez e gostaria de ter feito?
Apresentar um telejornal.

E o que fez e gostaria de não ter feito?
Brigado muito com a minha mãe.

Costuma arrepender-se?
Sim, muito, o tempo todo.

Fez algo que jamais revelará a ninguém?
Sim.

O quê?
Não vou contar...

Katia Fonseca, uma pergunta muito simples: o que é a vida?
O que é a vida?!?!?!?! Sei lá... a vida é... ir vivendo, ir fazendo e ir vendo onde isso vai dar.

Morrer é terrível?
Não. Como dizia Maiakóvsky: "Morrer não é difícil. Difícil é a vida e seu ofício".

Como gostaria de morrer?
Ah, não sei... de susto!

Para onde pensa que vai após a morte?
Pra qualquer lugar. Acho que tudo é possível: não ir pra lugar nenhum, voltar pra cá, ir pro céu, pro inferno...

Agora, olha para aquela câmera e diga qualquer coisa que você queira. Esse é o programa que dá total liberdade pra você dizer o que quiser.
Eu vou me servir das palavras de Torquato Neto (poeta da Tropicália): "Quando eu nasci, um anjo torto veio ler a minha mão. Não era um anjo barroco, era um anjo muito louco, com asas de avião. E eis que o anjo me disse, apertando a minha mão, com um sorriso entre dentes: 'Vai, bicho, desafinar o coro dos contentes!'".

Uau!!!

Gente, estou superfeliz com o retorno de minha entrevista ao programa Provocações. Bati o recorde de comentários aqui no blog, vocês viram?


O meu obrigadíssima a todos(as), de coração.


Além dos comentários aqui no blog, também recebi muitas mensagens de incentivo e de carinho pelo meu e-mail. Aos poucos, vou colocando aqui no blog para dividir com vocês.


Por enquanto, fiquem com mais uma foto, que traduz minha felicidade e realização.

Descrição da foto: eu e Antonio Abujamra num abraço. Eu estou sentada e ele em pé, gesticulando. Nós dois estamos olhando para a câmera fotográfica.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Provocações... é sexta-feira!


Antonio AbujamraAlguma vez, diante do espelho, você perguntou: “Por que eu?”.

Veja minha resposta a essa e outras provocações do Abujamra no programa que vai ao ar nessa sexta-feira, dia 31/10, pela TV Cultura de São Paulo, às 22h10.
O programa será reprisado no dia 7/11, às 2h30 da madruga.
Também já está no ar a chamada do programa. Dê uma olhada em www.tvcultura.com.br/provocacoes/


Descrição da foto: eu e o ator Antonio Abujamra estamos sentados um em frente ao outro. Entre nós, uma mesa de vidro. Ele, um senhor grandalhão, calvo na parte superior da cabeça e com o cabelo amarrado num rabo-de-cavalo atrás; está com um casaco cor de vinho e um longo cachecol azul. Eu, uma jovem senhora, cabelos bem curtos. Ambos usamos óculos e estamos sorrindo.




quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Lautrec petit-à-petit (3)


Só tiveram direito à minha intimidade os que souberam ultrapassar o primeiro momento de rejeição ou os que puderam apreciar o meu humor. Se eu não fosse tão espirituoso, seria o último dos idiotas. Há quatro séculos que em minha família ninguém fazia nada! Máscaras, barbas postiças, chapéus, boás... brinco continuamente com tudo isso. Adoro máscaras do rosto e também do corpo.
Vamos, vamos, experimentem ser outra pessoa! Tirem suas máscaras! Sejam vocês mesmos com outra cara.
Magnifique!
As pessoas são horrorosas, mas a vida nos oferece possibilidades maravilhosas!


(Trecho da peça Lautrec, texto e atuação de Katia Fonseca)

Descrição da foto: Katia Fonseca interpreta o pintor francês Toulouse-Lautrec. Está com um chapéu-coco, colete prateado por cima de um macacão preto. Segura uma bengala e está faladno com a platéia.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Pelo que vivo

Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas.
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)


Descrição da foto: imigrantes, homens e mulheres, magros e maltrapilhos, descansam, exaustos, numa praia das Ilhas Canárias, na Espanha. São imigrantes vindos de várias partes.
Crédito: Agência France Press

terça-feira, 14 de outubro de 2008

As provocações de Abujamra


De repente, eu estava lá, sentada diante de um dos maiores ícones do teatro brasileiro: Antonio Abujamra. A entrevista estava prestes a começar, sem ensaio, sem nenhum preparativo. Apenas uma rápida maquiagem, um cafezinho, copo d´água (a boca estava seca...), a entrada apressada para dentro do estúdio e eis que ouço a voz retumbante me chamando: “Katia Fonseca!”.
Fui chegando devagar, em minha cadeira de rodas, e senti o olhar daquele homenzarrão a me espiar de soslaio, por cima dos velhos óculos de sábio. Sim, acho-o com cara de sábio. Daqueles que se disfarçam em comentários banais para proferir grandes verdades.
Convenceram-me a sentar na poltrona reservada aos entrevistados, o que fiz de bom grado, com a ajuda dos contra-regras. “Tragam umas almofadas”, pediu Antonio, O Grande! Ajeita daqui, ajeita dali, pronto, eu estava pronta, sob os olhares cuidadosos e protetores daquele que, dali a alguns instantes, seria o meu algoz.
Pronta? Quem disse que eu estava pronta? Eu achava que estava? Tinha uma segurança que se revelou tão firme quanto uma gelatina.
Já na primeira pergunta, respondi depressa, mas titubeei por dentro: “Acho que estou muito pedante”, pensei. A seguir, aquele gigante à minha frente ia despejando suas provocações como uma enxurrada, com ironia fina e olhos de lince. Um olhar sarcástico, mas resplandecente em generosidade. Unida à sua altivez de mestre das artes (sobretudo a declamatória), uma profunda ternura.
Fiquei, muitas vezes, sem fala. Catatônica, perplexa. Com medo de dizer besteira, não dizia nada. Babei! Literalmente, babei!! Eu tinha me preparado para o final, aquela hora em que ele manda olhar pra câmera e dizer o se que quer. Ensaiei por dias. Mas, de resto, negligenciei o poder de absorção do meu entrevistador e acreditava que seria fácil ter uma boa performance diante dele. Afinal, estou habituada aos palcos e a falar diante do público... Antonio Abujamra, o deus-palavra, é muito mais impactante do que qualquer platéia. E eu fiquei ali, estatelada, sem palavras diante daquele mágico dos sons falados.
Quanto tempo passei ali? Quinze ou vinte minutos, no máximo. Ao me despedir, beijei sua mão, certa de que aquela experiência tinha sido do mesmo tamanho de uma vida inteira de aprendiz da arte maior da humanidade: o teatro.
Estava ali, diante de mim, um dos mais puros espíritos dionisíacos dessa arte, que torce e retorce os nós dos seres humanos, no que temos de mais profano e mais sagrado, revelando, desnudando nossa essência.
E, de novo, encontrei-me diante de mim mesma, diante daquilo a que vim a ser com minha existência: cantar uma epopéia canalha, mostrando cruamente suas úlceras.
Termino com o texto de Lautrec, peça teatral que nasceu das minhas entranhas, momento tão intenso e genuíno quanto esse encontro instantâneo com Antonio Abujamra, ou, simplesmente, Abu: “Mas eu estava em busca da verdade! Nunca a pobre libertinagem, a estupidez passiva e a inconsciência animal tinham sido mostradas com tanta clareza, com uma tranqüilidade tão rude. Mas o que importa a eternidade da danação a quem encontrou, num segundo, a infinitude do gozo?!”

ET - A entrevista vai ao ar no dia 31/10. Mas pode deixar que, antes disso, vou fazer muito barulho!

Descrição da foto: O rosto de Antonio Abujamra em close. Um senhor calvo, óculos na ponta do nariz, olhar sarcástico e um meio-sorriso desdenhoso.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Lautrec petit-à-petit (2)

Nasci disputando com a morte meu lugar no mundo. Meu pai, o conde Alphonse de Toulouse-Lautrec Monfa, foi avisado sobre meu nascimento em meio a uma de suas caçadas. Veio rapidamente me ver e voltou correndo à caça, a fim de não perder o halali, o momento final, quando o animal, cansado de fugir, é acuado e está prestes a morrer. O último suspiro! Ah, meu pai não perdia isso por nada... nem pelo nascimento de seu primogênito.
Aos 14 anos, fraturei as duas pernas. Foi o início de uma fatalidade que iria mudar, definitivamente, o destino da linhagem nobre dos Toulouse-Lautrec. Meu corpo começou a se deformar e, para meu pai, um mundo começou a desabar.
(Trecho do espetáculo Lautrec; texto e atuação de Katia Fonseca)

Descrição da foto: Toulouse-Latrec, pintor francês do século XIX, um jovem de uns 18 anos, está sentado no chão ao lado de dois homens que são, provavelmente de sua família (primos ou tio) e uma mulher (provavelmente sua mãe) vestida de negro está atrás, em plano um pouco mais alto, sentada em uma cadeira. Lautrec tem as pernas mais curtas que o normal para um jovem de sua idade. Imagem soturna, todos estão vestidos de preto, menos Lautrec, que está com um traje claro. Todos portam chapéu escuro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Um ano a mais

Dia 2 de outubro é meu aniversário (amanhã). Queria escrever algo legal, pra cima, up, up. Mas não pintou inspiração (pelo menos até agora, hora em que estou tomando um drink à base de vodka, esperando meia-noite chegar pra poder brindar mais – ou seria menos? – um ano de vida).

Adoro o poema de Fernando Pessoa sobre aniversário. É down, é pra baixo, mas é de uma profunda humanidade (como tudo – ou quase tudo – do Pessoa). O poema, na verdade, não reflete meu estado de espírito. Mas é lindo! E eu não poderia privar vocês (e a mim mesma) desta obra de arte!

Acho que o Pessoa cala fundo na gente porque algum dia seremos aquilo a que fomos destinado a ser: humanos e finitos. E a proximidade da morte é inexorável.

A questão é: pensemos nisso agora ou daqui a pouco?

Com vocês (e comigo), Fernando Pessoa!







No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,

Eu era feliz e ninguém estava morto.

Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,

E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.



No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,

Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,

De ser inteligente para entre a família,

E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.

Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.

Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.



Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,

O que fui de coração e parentesco.

O que fui de serões de meia-província,

O que fui de amarem-me e eu ser menino,

O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...

A que distância!...

(Nem o acho...)

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!



O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,

Pondo grelado nas paredes...

O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),

O que eu sou hoje é terem vendido a casa,

É terem morrido todos,

É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...



No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!

Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,

Por uma viagem metafísica e carnal,

Com uma dualidade de eu para mim...

Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!



Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...

A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,

O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,

As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...



Pára, meu coração!

Não penses!

Deixa o pensar na cabeça!

Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!

Hoje já não faço anos.

Duro.

Somam-se-me dias.

Serei velho quando o for.

Mais nada.

Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

(Fernando Pessoa, Aniversário)

Descrição da foto: Fernando Pessoa em close - Foto em preto e branco de um jovem-senhor, de chapéu, cabisbaixo, óculos e bigode; ar circunspecto.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Uma mensagem de Helen Keller




TRÊS DIAS PARA VER


Várias vezes pensei que seria uma benção se todo ser humano, de repente, ficasse cego e surdo por alguns dias no princípio da vida adulta. As trevas o fariam apreciar mais a visão e o silêncio lhe ensinaria as alegrias do som. De vez em quando, testo meus amigos que enxergam para descobrir o que eles vêem. Há pouco tempo perguntei a uma amiga que voltava de um longo passeio pelo bosque o que ela observara. “Nada de especial”, foi a resposta. Como é possível, pensei, caminhar durante uma hora pelos bosques e não ver nada digno de nota? Eu, que não posso ver, apenas pelo tato encontro centenas de objetos que me interessam. Se consigo ter tanto prazer com um simples toque, quanta beleza poderia ser revelada pela visão! E imaginei o que mais gostaria de ver se pudesse enxergar, digamos, por apenas três dias.
No primeiro dia, gostaria de ver as pessoas cuja bondade e companhias fizeram minha vida valer a pena. Eu reuniria todos os meus amigos queridos e olharia seus rostos por muito tempo, imprimindo em minha mente as provas exteriores da beleza que existe dentro deles. Também fixaria os olhos no rosto de um bebê, para poder ter a visão da beleza ansiosa e inocente que precede a consciência individual dos conflitos que a vida apresenta. E gostaria de olhar nos olhos fiéis e confiantes de meus cães. À tarde, daria um longo passeio pela floresta, intoxicando meus olhos com belezas da natureza. E rezaria pela glória de um pôr-do-sol colorido. Creio que nessa noite não conseguiria dormir.
No dia seguinte, eu me levantaria ao amanhecer para assistir ao empolgante milagre da noite se transformando em dia. Contemplaria assombrada o magnífico panorama de luz com que o Sol desperta a Terra adormecida.
Como gostaria de ver o desfile do progresso do homem, visitaria os museus. Assim, nesse meu segundo dia, tentaria sondar a alma do homem por meio de sua arte. À noite de meu segundo dia seria passada no teatro ou no cinema. Não posso desfrutar da beleza do movimento rítmico senão numa esfera restrita ao toque de minhas mãos. Só posso imaginar vagamente a graça de uma bailarina. Imagino que o movimento cadenciado seja um dos espetáculos mais agradáveis do mundo.
Na manhã seguinte, mais uma vez receberia a aurora. Hoje, o terceiro dia, passarei no mundo do trabalho, nos ambientes dos homens que tratam do negócio da vida. A cidade é o meu destino. Acho que na noite desse último dia vou voltar depressa a um teatro e ver uma peça cômica, para poder apreciar as implicações da comédia no espírito humano.
À meia-noite, uma escuridão permanente outra vez se cerraria sobre mim.
Talvez este resumo não se adapte ao programa que você faria se soubesse que estava prestes a perder a visão. Mas sei que, se encarasse esse destino, usaria seus olhos como nunca usara antes. Tudo quanto visse lhe pareceria novo. Seus olhos tocariam e abraçariam cada objeto que surgisse em seu campo visual. Então, finalmente, você veria de verdade e um novo mundo de beleza se abriria para você.


(Trechos retirados do site www.cerebromente.org.br/n16/curiosidades/helen.htm. O texto foi publicado na íntegra do Reader’s Digest – Seleções há 70 anos e também está no site)

* De nacionalidade norte-americana, Helen ficou cega e surda quando criança. Tornou-se uma das mais notáveis personalidades do nosso século: célebre escritora, filósofa e conferencista, desenvolvendo extenso trabalho em favor das pessoas com deficiência. Anne Sullivan foi sua professora, companheira e protetora.

Descrição das fotos:
1- Helen Keller, de meia idade (entre 40 e 50 nos), uma distinta senhora, de chapéu, passa a mão no rosto de uma outra jovem senhora para poder enxergá-la.
2- Um retrato de Helen Keller, ainda jovem, de perfil.











sábado, 20 de setembro de 2008

Convite

Caríssimos

Tenho um grande orgulho de convidá-los para assistir à entrega do prêmio Helen Keller à minha pessoa, dia 23/9 (terça-feira), às 20h, na Câmara Municipal de Campinas (Av. Engenheiro Roberto Mange, 66 - Ponte Preta).
O prêmio é um projeto de lei instituído pelo vereador Zé Cunhado (PDT) e destina-se a valorizar a pessoa com deficiência que tenha destaque na cidade Campinas. A data de premiação é em referência ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, que se comemora todo 21 de setembro.
Getilmente oferecido por uma empresa parceira, haverá um coquetel após a cerimônia de premiação, no mesmo local, e eu ficaria muito feliz em poder brindar com vocês mais essa conquista, mais um reconhecimento da luta que venho travando, como membro do Centro de Vida Independente de Campinas (CVI-Campinas), pela quebra de preconceitos e mudança de paradigmas frente às questões que envolvem as pessoas com deficiência.
Aguardo vocês!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A arte de fazer rir


Agora eu entendi o querem dizer os dramaturgos, diretores teatrais e outros quando afirmam que só grandes atores e atrizes são capazes de fazer rir. Ao assistir a A Idéia, peça teatral com Fernanda Young (texto dela e de Alexandre Machado), que estreou no Teatro Tim, em Campinas, nessa quarta-feira, percebi nitidamente a dificuldade de se ter uma interpretação genuinamente cômica. A atriz não convence. Não faz teatro. Parece ser sempre ela mesma. E, provavelmente, não é ela mesma que está ali. Mas parece ser. Fica sempre a meio do caminho entre o real e o imaginário, entre as ações reles do cotidiano e o espetáculo.
A direção de Alexandre Reinecke é impecável. Aliás, o moço faz verdadeiros malabarismos para espantar o tédio que a todo momento ameaça invadir o público. Só me espanta que diretor tão talentoso tenha apostado na inexperiência (e na falta de talento) de Fernanda Young.
O texto é bom, engraçado, interessante. Tornaria-se hilário se interpretado por uma boa atriz. Durante o espetáculo, eu ficava imaginando, a todo momento, as caras e bocas de Fernanda Torres, a risada escrachada de Regina Casé, a soberba decadente tão bem encarnada por Marisa Orth ou a ingenuidade atrapalhada de Denise Fraga. Seria delirantemente engraçado vê-las atuando em A Idéia.
O público ri de Fernanda, é verdade. Mas, em geral, é o riso provocado pelo palavrão (existe isso, ainda?) e frases picantes sobre sexo. Muito sexo! Quando o pique de comédia ameaça descambar de vez, a atriz tira da manga uma pitada erótica e, pronto, lá está o público às gargalhadas. O público ri, também, porque quer se divertir. Afinal, foi lá pra isso e faz valer a pena os seus R$ 30,00 gastos no ingresso.
A peça tem futuro, mas nas mãos de uma boa atriz! Fernanda Young continua merecendo meu respeito e admiração como autora. É inteligente e mordaz. Mas como atriz, pelo menos cômica, é um desastre!
Descrição da foto: Fernanda Young em uma das cenas da peça A Idéia, segura algo na mão parecido com uma bola de cristal ou uma lâmpada e está com expressão séria e compenetrada (Em tempo: esta cena não existe na versão da peça que vi).

Luta? Que luta?

Neste momento em que se inaugura uma rampa para o acesso de pessoas com deficiência física na Prefeitura de Campinas (com bastante atraso, diga-se de passagem), eu não podia deixar passar a oportunidade para externar meu descontentamento com as ações oficiais em prol das pessoas com deficiência na cidade. Por oficial, estou denominando aquelas ações de iniciativa da Administração municipal, por meio de suas diversas secretarias, e as desenvolvidas pelo Conselho Municipal de Atenção à Pessoa com Deficiência. Ações apagadas, sem viço, sem garra e à moda da abertura política brasileira: “lenta e gradual”. Neste momento, também está acontecendo a Semana de Luta da Pessoa com Deficiência, em Campinas, que culminará com a celebração do Dia Nacional de Luta, comemorado em 21 de setembro. Quantos, em nossa cidade, sabiam disso? Vamos ver o “córum” que atingirão os eventos dessa semana e da manifestação que acontecerá na Lagoa do Taquaral, no dia 21, pela manhã. Estou torcendo para que tenham um público recorde e eu morda a minha língua.
São ações que não conseguem nem mesmo mobilizar o próprio segmento das pessoas com deficiência, o que dirá a população em geral, que continua a lidar com suas preocupações rotineiras sem serem sensibilizadas para a problemática das pessoas que vivem em situação de desvantagem quanto suas capacidades físicas, motoras, sensoriais ou intelectuais.
Querem mais um exemplo? Depois de anos de reivindicação, o movimento organizado das pessoas com deficiência em Campinas conseguiu que a Prefeitura criasse a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA), cujo principal objetivo seria a fiscalização da acessibilidade nos edifícios públicos e privados (além de muitas outras funções). Está funcionando? Não! E quando a tal comissão é cobrada, a justificativa recai sempre nos trâmites burocráticos e legais que se resumem na tão conhecida frase típica do funcionalismo público: “Ah, isso não é com a gente!”.
Outro exemplo é a atuação pífia do conselho supracitado, resumindo-se a intermináveis reuniões e pouquíssima ação. Nem eu, pessoa com deficiência física e atuante em movimentos organizados para a defesa de nossos direitos, fico sabendo o que esse conselho vem fazendo.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Enfim: no começo ou no fim?

Enfim, este é apenas o começo de um parágrafo, ou melhor, de um texto. Mas como dizer “enfim” tá na moda, já quis começar logo abafando!
É engraçado esse negócio de moda na língua falada, né não? E, a exemplo dos neologismos (como fiquei sabendo outro dia), acho que, se cair na desgraça da tal moda ir parar nos dicionário, aí fudeu, vira “língua culta”.
Enfim, acho que nas minhas orações noturnas vou pedir: “Livrai-me, Deus, nosso senhor, enfim, dos modismos lingüísticos dicionarizados”.
Já foi bola da vez falar “a nível de”, vocês lembram? (Pra não dizer que blog não é cultura, enfim, repasso a informação: não é bom ficar usando em demasia a expressão, mas, enfim, se não tiver jeito, o correto é “em nível de”). Outra mania (mas que não chegou a virar moda, graças a Deus!) é “à princípio” (com a heresia, enfim, de se colocar uma crase!). Neste caso, o correto também leva o “em”, ou seja, "em princípio". E jamais se coloca crase na frente de palavra masculina, enfim!
O que mais? Ah, enfim os famosíssimos e ainda demasiadamente utilizados sobretudo pelo povo do telemarketing (mas não só...), sua majestade, o gerúndio!!!! Vamos estar citando o exemplo e vamos estar admitindo o erro e exagero que estamos cometendo para que os leitores estejam acompanhando a idéia que estamos querendo passar.
Enfim (agora sim!), chego ao fim desse meu ligeiro protesto contra o mau uso de nosso língua-pátria, para não cansar demais vossas senhorias.

Um abraço apertado, enfim!

sábado, 6 de setembro de 2008

Alma animal

Onde, em mim, cala fundo o abandono de animais ou supostas injustiças que, ao meu olhar, fere a dignidade animal? Não sei se cometo blasfêmia ao falar de “dignidade animal”, mas quero me referir ao direito de se estar vivo e de não se ser enganado na mais primitiva inocência, que é a de acreditar no que se vê, no que se sente e pressente. Uma dignidade que é comum a qualquer animal, filho de bicho homem ou de bicho bicho.
Sempre me pega de surpresa atitudes intempestivas, explosões de raiva ou ações vingativas. Quando sou atingida por uma situação dessas, me sinto igualada aos animais irracionais, que não podem entender a complexidade do cérebro humano (ou, como queiram os mais românticos, a complexidade das emoções, do “coração”).
Sinto-me um perfeito cachorrinho assustado, com o rabo entre as pernas e fazendo xixi de tanto medo... Não adianta, não consigo me habituar aos destemperos, às manifestações extremadas de ódio.
Ao sentir pena de um cão sarnento abandonado (mas não precisa ser sarnento não, às vezes é até muito bem tratado, mas absolutamente solitário, privado de matilha original e da “matilha humana”), sinto, na verdade, pena de mim mesma, privada do amor-primeiro, fiel, incondicional e perene. Estarei com nostalgia do Paraíso?
O cachorro que abana o rabo à chegada do seu dono e recebe um pontapé como resposta é igual a mim quando, no encontro amigo, sinto e pressinto hostilidade.
Não estou querendo entender ou julgar os outros, mas a mim mesma. E a pergunta que não quer calar é: onde, em mim, cala fundo o abandono de animais? Por que não reajo, não vocifero e não dou o troco? Ou, como um cão raivoso, ataco, mordo e dilacero até que a carne se torne viva e sangrenta?
Acho que é porque eu e o cão sarnento somos feitos de outra espécie. Abnegados? Acho que não. Pura bondade? Também não, pois cometo minhas maldedezinhas de vez em quando. Continuarei buscando a resposta. Enquanto isso, me irmano aos animais e continuo a perguntar: quanto de animal há em minha alma?

Descrição da foto

No plano de fundo (atrás) está destroços de uma casa. À frante, se vê uma criança bem pequena (3 ou 4 anos), um cachorrinho ainda filhote e um velho sentado em uma cadeira. A criança corre atrás do cachorrinho e o velho os observa. A criança e o velho têm traços asiáticos.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Lautrec petit-à-petit (1)

Apresento, aqui neste espaço, o meu amigo Toulouse-Lautrec










Toulouse-Lautrec, pintor francês do final do século XIX, condenado e insultado, viu-se, por fim, glorificado ao testemunhar uma Paris efervescente. Le fin du siècle. Ele expôs a deformidade social de seu tempo com a tranqüilidade de quem carrega em si também uma deformidade. Ao jogar luz sobre seres que viviam nas sombras, revelava a humanidade escondida por trás de cada máscara.
"Nasci Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa. Mas entrei para a História apenas como Toulouse-Lautrec. Um anão feio, desbocado e cínico. Téc-ni-ca de sobrevivência na floresta selvagem!"


Au révoir, mes amis!


Descrição das fotos:

1ª: Toulouse-Lautrec, um homem pequeno, com uns vinte e poucos anos, cabelos escuros e de chapéu, está sentado num banquinho, com paleta e pincel na mão, pintando um de seus quadros;
2ª: o rosto do pintor aparece bem de perto. Nele se vê uns pequenos óculos, daqueles antigos que ficam pendurados por uma correntinha, bigode e cavanhaque. Seu olhar é doce e triste.













































quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Pérolas do professorado (1)

A educação no Brasil anda mal, muito mal. O nível dos estudantes é sempre duramente criticado. E o nível dos professores? Vemos muito mais reclamações sobre o salário do que da falta de preparo profissional. No entanto, isso é mais comum do que possamos imaginar...
Vou colocar por aqui, de vez em quando, alguns exemplos que chegam às minhas mãos diariamente (faço a edição da coluna de cartas dos leitores de um jornal diário).
A saber:
1- colocarei em negrito o que estiver escrito errado (... e você descobre o certo, ok?)
2- vou manter os erros de pontuação e espaçamento (deixarei exatamente como recebi, sem edição)

Vamos à primeira "pérola" (por motivos óbvios, não darei "nome aos bois").

"Se eram necessarios 150 membros para se formar uma chapa para concorrer a eleição ,como essa chapa de oposição teve apenas 138 votos.Seria desta maneira ,de forma toda rachada sem união que esse grupo queria comandar o Guarani.Notavelmente notasse que é um bando de aventureiros que nada acresceria ,muito pelo contrario pois ja estiveram no comando e todos ja sabem o final da história.Parabens a chapa vencedora,e que o sr Leonel e sua equipe deixar de covardia e sejam mais ousados pois estaremos de olho."
P.H.B., Professor

Cordiais saudações!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Utopia


"Há de ter alamedas verdes / a cidade dos meus amores / e quem sabe os moradores / as senhoras e os senhores... fossem somente crianças"
(A Cidade Ideal, Chico Buarque)
Foto: Dominique Torquato/Correio Popular

DESCRIÇÃO DA FOTO AOS AMIGOS CEGOS
Dois jovens soldados do Exército brasileiro, fardados, estão agachado em frente a um garotinho, com cerca de 6 ou 7 anos, em sua cadeirinha de roda. O menino brinca com o quepe de um dos soldados. Os dois soldados estão sorrindo.