segunda-feira, 10 de maio de 2010

'Novela' da acessibilidade está só no início


Descrição da imagem: a atriz Aline Morais, que interpreta Luciana, na novela global Viver a Vida, tetraplégica, está em sua cadeira de rodas, sorridente.


Viver a Vida está acabando. Mas uma outra novela está só no início: o respeito aos direitos das pessoas com deficiência! É uma luta diária para que essas pessoas possam executar as tarefas mais simples do dia a dia, como ir ao banheiro, por exemplo. Raríssimos estabelecimentos de uso coletivo contam com banheiros adaptados (apesar de já ser obrigatório por lei, como reza o Decreto Federal 5.296, de 2004).
A novela global cumpriu papel importantíssimo para a sociedade brasileira: ser vitrine das agruras por que passam a parcela da população que vive com algum tipo de deficiência, seja ela provisória ou definitiva. São milhares de pessoas!
A quem critique a novela dizendo que ela retratou situações ideais e que a maioria das pessoas com deficiência não tem a vida boa de Luciana (muito bem interpreta por Aline Morais). Afinal, a moçoila, além de ser linda, tem várias atendentes – uma auxiliar para o dia a dia, fonoaudióloga e fisioterapeuta em domicílio –, motorista, tecnologia assistiva para poder usar computador ou talheres etc.
Não sejamos ingênuos: televisão é entretenimento e ninguém vai dar audiência a uma história que só mostra desgraças, dificuldades e contratempos. É isso mesmo, Luciana, tetraplégica, vive no bem bom (diferentemente de outras muitas pessoas em iguais condições físicas, que são pobres). No entanto, o mais importante foi mostrado: que pessoas vivendo com tetraplegia podem, devem e merecem ser felizes. Tecnologia e outros meios (como medicamentos, apoios psicoterápicos etc.) para isso existem.


(Publicado no jornal Correio Popular de 9/5/2010)