sábado, 20 de setembro de 2008

Convite

Caríssimos

Tenho um grande orgulho de convidá-los para assistir à entrega do prêmio Helen Keller à minha pessoa, dia 23/9 (terça-feira), às 20h, na Câmara Municipal de Campinas (Av. Engenheiro Roberto Mange, 66 - Ponte Preta).
O prêmio é um projeto de lei instituído pelo vereador Zé Cunhado (PDT) e destina-se a valorizar a pessoa com deficiência que tenha destaque na cidade Campinas. A data de premiação é em referência ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, que se comemora todo 21 de setembro.
Getilmente oferecido por uma empresa parceira, haverá um coquetel após a cerimônia de premiação, no mesmo local, e eu ficaria muito feliz em poder brindar com vocês mais essa conquista, mais um reconhecimento da luta que venho travando, como membro do Centro de Vida Independente de Campinas (CVI-Campinas), pela quebra de preconceitos e mudança de paradigmas frente às questões que envolvem as pessoas com deficiência.
Aguardo vocês!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A arte de fazer rir


Agora eu entendi o querem dizer os dramaturgos, diretores teatrais e outros quando afirmam que só grandes atores e atrizes são capazes de fazer rir. Ao assistir a A Idéia, peça teatral com Fernanda Young (texto dela e de Alexandre Machado), que estreou no Teatro Tim, em Campinas, nessa quarta-feira, percebi nitidamente a dificuldade de se ter uma interpretação genuinamente cômica. A atriz não convence. Não faz teatro. Parece ser sempre ela mesma. E, provavelmente, não é ela mesma que está ali. Mas parece ser. Fica sempre a meio do caminho entre o real e o imaginário, entre as ações reles do cotidiano e o espetáculo.
A direção de Alexandre Reinecke é impecável. Aliás, o moço faz verdadeiros malabarismos para espantar o tédio que a todo momento ameaça invadir o público. Só me espanta que diretor tão talentoso tenha apostado na inexperiência (e na falta de talento) de Fernanda Young.
O texto é bom, engraçado, interessante. Tornaria-se hilário se interpretado por uma boa atriz. Durante o espetáculo, eu ficava imaginando, a todo momento, as caras e bocas de Fernanda Torres, a risada escrachada de Regina Casé, a soberba decadente tão bem encarnada por Marisa Orth ou a ingenuidade atrapalhada de Denise Fraga. Seria delirantemente engraçado vê-las atuando em A Idéia.
O público ri de Fernanda, é verdade. Mas, em geral, é o riso provocado pelo palavrão (existe isso, ainda?) e frases picantes sobre sexo. Muito sexo! Quando o pique de comédia ameaça descambar de vez, a atriz tira da manga uma pitada erótica e, pronto, lá está o público às gargalhadas. O público ri, também, porque quer se divertir. Afinal, foi lá pra isso e faz valer a pena os seus R$ 30,00 gastos no ingresso.
A peça tem futuro, mas nas mãos de uma boa atriz! Fernanda Young continua merecendo meu respeito e admiração como autora. É inteligente e mordaz. Mas como atriz, pelo menos cômica, é um desastre!
Descrição da foto: Fernanda Young em uma das cenas da peça A Idéia, segura algo na mão parecido com uma bola de cristal ou uma lâmpada e está com expressão séria e compenetrada (Em tempo: esta cena não existe na versão da peça que vi).

Luta? Que luta?

Neste momento em que se inaugura uma rampa para o acesso de pessoas com deficiência física na Prefeitura de Campinas (com bastante atraso, diga-se de passagem), eu não podia deixar passar a oportunidade para externar meu descontentamento com as ações oficiais em prol das pessoas com deficiência na cidade. Por oficial, estou denominando aquelas ações de iniciativa da Administração municipal, por meio de suas diversas secretarias, e as desenvolvidas pelo Conselho Municipal de Atenção à Pessoa com Deficiência. Ações apagadas, sem viço, sem garra e à moda da abertura política brasileira: “lenta e gradual”. Neste momento, também está acontecendo a Semana de Luta da Pessoa com Deficiência, em Campinas, que culminará com a celebração do Dia Nacional de Luta, comemorado em 21 de setembro. Quantos, em nossa cidade, sabiam disso? Vamos ver o “córum” que atingirão os eventos dessa semana e da manifestação que acontecerá na Lagoa do Taquaral, no dia 21, pela manhã. Estou torcendo para que tenham um público recorde e eu morda a minha língua.
São ações que não conseguem nem mesmo mobilizar o próprio segmento das pessoas com deficiência, o que dirá a população em geral, que continua a lidar com suas preocupações rotineiras sem serem sensibilizadas para a problemática das pessoas que vivem em situação de desvantagem quanto suas capacidades físicas, motoras, sensoriais ou intelectuais.
Querem mais um exemplo? Depois de anos de reivindicação, o movimento organizado das pessoas com deficiência em Campinas conseguiu que a Prefeitura criasse a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA), cujo principal objetivo seria a fiscalização da acessibilidade nos edifícios públicos e privados (além de muitas outras funções). Está funcionando? Não! E quando a tal comissão é cobrada, a justificativa recai sempre nos trâmites burocráticos e legais que se resumem na tão conhecida frase típica do funcionalismo público: “Ah, isso não é com a gente!”.
Outro exemplo é a atuação pífia do conselho supracitado, resumindo-se a intermináveis reuniões e pouquíssima ação. Nem eu, pessoa com deficiência física e atuante em movimentos organizados para a defesa de nossos direitos, fico sabendo o que esse conselho vem fazendo.