sábado, 10 de janeiro de 2009

A magia do sono



















A pessoa que dorme está inteiramente só. Quando o homem dorme, o seu rosto se desarma de todas as tramas, de todos os desgostos. E ela se debruça sobre a face do amado e descobre que eram simples palavras todas as valentias que ele vinha lhe dizendo ou dando a entender. Quando a gente se parece menos com os mortos é quando está dormindo. Quanto mais pobre, mais comovente o ser humano quando dorme. No sono, as pessoas boas e confiantes ficam desarrumadas. A mais leve carícia de sua mão sobre o corpo da amada que dorme poderá quebrar a solidão do sono e a tranqüilidade da carne já não seria completa. Contente-se em enternecer-se sem tocá-la. Mas, se for preciso despertá-la, que seja com ruídos aparentemente casuais.
Ah, que intenso ciúmes do passado e do futuro sobre a nudez da amada que dorme! Só você a viu e só você a verá assim tão bela!

(Texto de Antonio Maria, in Brasileiro, Profissão Esperança. Imagem: Moça Dormindo, pintura digital de João Werner (in www.joaowerner.com.br/.../ nus/moca_dormindo.htm))

Um comentário:

Marta disse...

Katia,

Que belo texto!! É mesmo, a pessoa quando dorme é de uma fragilidade e entrega tocantes...

Não conhecia o pintor, gostei.

Carinho,
Marta Gil